SOBRE O GARANTIDO

No final do século XIX e início do século XX, a Amazônia recebeu um grande fluxo migratório de nordestinos devido às constantes secas nesta região. Os imigrantes também eram atraídos devido ao apogeu do ciclo da borracha. Dentre esses, um grande número de Maranhenses chegou à região trazendo o costume das brincadeiras de Boi, (No Maranhão conhecidos como Bumba-Meu-Boi. Ressaltando que foi neste estado que se originaram as brincadeiras desse ritmo). Um de seus descendentes, Lindolfo Monteverde, nasceu em Parintins em 1902 e cresceu admirando os folguedos que havia na cidade.

Em 1913, aos 11 anos de idade, decidiu criar seu próprio Boizinho de Curuatá com o qual brincava com crianças de sua idade - um chamado boi-mirim, que até hoje é muito comum no Norte e Nordeste do Brasil. Em 1920, devido a uma grave doença, fez uma promessa a São João Batista: se ficasse curado, iria realizar anualmente uma ladainha e uma festa de Boi em sua homenagem. Lindolfo foi atendido em seu pedido e cumpriu sua promessa. Contam os mais antigos que a apresentação começou com a ladainha e depois houve distribuição de Aluá, bolo de macaxeira, tacacá e, no final, muito forró. Lindolfo ainda batizou seu filho mais velho de João Batista Monteverde, em homenagem ao Santo Querido. A partir de então, todos os anos os torcedores do Boi se reúnem na noite de 24 de junho para rezar a ladainha e festejar São João Batista e, em seguida, saem pelas ruas da cidade, dançando em frente às casas que tiverem fogueiras acesas.

Contam que Lindolfo Monteverde era um cantador e repentista que causava admiração em quem o ouvia cantar, por causa do timbre de voz que dominava os terreiros e era ouvido à distância, sem utilizar nenhum tipo de aparelho sonoro mecânico. Lindolfo também incomodava os torcedores do Caprichoso com sua firmeza de voz e a inteligência dos desafios que criava junto com seus outros colegas compositores.

A Família Faria foi a principal colaboradora do Boi Garantido em uma época que os bois ainda não recebiam apoio financeiro, seja de empresas privadas ou governos, e eram rotulados como uma festa popular para pessoas de classe baixa. Com o suporte da loja ‘Jotapê’, de José Pedro Faria, seus filhos Zezinho e Paulinho Faria comandaram o Boi por cerca de duas décadas (mais especificamente dos últimos anos de Lindolfo á frente do Garantido, no início da década de 70, até a chegada de investimento externo, nos anos 90). Essa é considerada, até hoje, a época mais vitoriosa do Boi Garantido quando também foi conquistado o único pentacampeonato da história do Festival Folclórico até hoje, de 1980 a 1984. A matriarca da família, Dona Maria Ângela Faria, é conhecida como Madrinha do Boi e é homenageada todos os anos durante a festa da Alvorada do Boi com os brincantes passando em frente à sua casa.

Maria Ângela Faria vive numa bela casa vermelha às margens do Rio Amazonas há mais de 60 anos. A veterana de 84 anos largou aos 24 a confortável vida em Belém do Pará para acompanhar o marido, Seu José Pedro Faria (Popularmente conhecido na cidade como 'Jotapê') que por conta dos negócios ligados à borracha, havia sido transferido para a pequena cidade de Parintins. No interior da Amazônia, em meio à solidão e à saudade da família, Maria começou a ceder o espaço de seu quintal para brincadeiras de um boi-bumbá branco, que levava um coração na testa. E foi paixão à primeira vista: a devoção pelo Boi Garantido, que já dura 50 anos, fez com que a ribeirinha “vermelhasse” sua vida por completo.

A casa de Maria Ângela se destaca pela onipresença do vermelho: desde a fachada até a cama, as paredes, o conjunto de chá, o fogão a lenha, o sofá e até as hélices do ventilador ganharam o tom encarnado do seu Boi de coração. Porém, a parte da casa que mais chama a atenção dos milhares de visitantes que entram e saem, sem dúvida, é a piscina. A história repetida pelo povo amazônida é de que a veterana estava cansada de ver a água azul – cor do Caprichoso – e, por isto, numa atitude radical, mandou pintar tudo de vermelho.

Um fato não menos curioso porém muito mais histórico que também envolve Dona 'Mariangela' é de que, apesar de sempre ter tido as cores encarnado e branco, o coração na testa do boi nem sempre foi vermelho. A cor do coração costumava ser preta até meados dos anos 60 quando Dona Maria Ângela Faria deu a idéia deste ser pintado de vermelho. Idéia que foi prontamente executada pelo artista Jair Mendes.

Localização

O Garantido surgiu na antiga estrada Terra Santa, hoje Av. Lindolfo Monteverde, na tradicional Baixa do São José. Atualmente, um complexo arquitetônico da antiga Fabriljuta, localizado no km 1 da Rodovia Odovaldo Novo, adquirido pela agremiação, abriga toda a estrutura de galpões, a diretoria e demais coordenadorias que fazem parte da administração do boi que, hoje, é a brincadeira mais séria dos habitantes de Parintins, a Ilha do Boi-bumbá.

Símbolo

Desde a sua criação, o Garantido se apresenta com um coração na testa, e suas cores, vermelha e branca, foram adotadas pela torcida. A cor do coração na testa do boi costumava ser preta até meados dos anos 60, quando Dona Maria Ângela Faria, até hoje conhecida como madrinha do Boi, deu a idéia deste ser pintado de vermelho. Idéia que foi prontamente executada pelo artista Jair Mendes. 

O primeiro rival

As pessoas mais antigas do Boi Garantido afirmam que o primeiro grande rival foi o Boi Galante. Lindolfo compôs essa toada de desafio:

        Boi Garantido ouviu
        Estavam falando em Deus
        Escutou na terra e olhou pra adiante
        Olha Boi Galante o teu Deus sou eu

Há versões de vários historiadores que afirmam que o Caprichoso surgiu de uma dissensão do Boi Galante, por volta de 1925 ou 1929.

Origem do nome

O nome Garantido surgiu do próprio criador, Lindolfo Monteverde, que em suas toadas sempre lembrava aos torcedores do Caprichoso que seu bumbá sempre saía inteiro dos confrontos de ruas que, na época, eram rotineiros. Dizia Lindolfo que, nas “brigas” com os "contrários", a cabeça de seu boi nunca quebrava ou ficava avariada, “isso era garantido”.

O primeiro festival

A brincadeira foi evoluindo e, em 1965, aconteceu o primeiro Festival Folclórico de Parintins, mas não houve participação dos bumbás. A primeira disputa veio no segundo Festival, quando o Garantido enfrentou o Caprichoso. Em 44 festivais, o Garantido conquistou 27 títulos e é o único que chegou a ser pentacampeão da disputa, nos anos 80. O primeiro empate da história do evento aconteceu no ano de 2000.

Apelidos

Em sua história, lhe foram atribuídos vários slogans carinhosos, como: “Boi da Promessa”, “Boi do Coração”, “Brinquedo de São João”, “Boi do Povão” e outros. O mais popular é “Brinquedo de São João”, de autoria de Lindolfo Monteverde para homenagear o santo a quem se apegou para curar a doença que o ameaçava quando servia o exército. Os dirigentes preservam até os dias atuais este slogan como forma de reconhecimento a Lindolfo, o fundador do boi.

Campeonatos

O Boi Garantido é o que mais coleciona vitórias em toda a história do Festival Folclórico de Parintins. O único, inclusive, a ganhar cinco vezes consecutivas, sob a presidência de Zezinho Faria entre os anos de 1980 à 1984. Desde 1966, ano do primeiro Festival, até 2010, foram 46 Festivais, entre os quais, 27 vencidos pelo Boi do Povão (incluindo um empate no ano de 2000).

O Garantido também foi o primeio campeão na então nova arena do Bumbódromo, em 1988, vencendo também o "tira-teima" no ano seguinte.

Títulos: 

27 vezes (1966, 1967, 1968, 1970, 1971, 1973, 1975, 1978, 1980, 1981, 1982, 1983, 1984, 1986, 1988, 1989, 1991, 1993, 1997, 1999, 2000 (empate), 2001, 2002, 2004, 2005, 2006 e 2009).

Fonte da pesquisa: Wikipédia e Site Oficial do Boi Garantido